terça-feira, 3 de abril de 2012

PANTUFAS NO CHÃO

Espantado e ansioso, o Poeta acordou no meio da madrugada. Teve um sonho estranho, sonhou com montanhas de sorvete e geléia que não acabavam jamais. Levantou e foi direto à cozinha tomar água. Pegou um livro para ler, voltou à cama. Ao lado, viu que dormia Léa, a gata, e em um gesto carinhoso e automático passou a mão sobre o felino, que ronronava e dormia.

Acomodando-se, voltou os olhos ao livro, e leu até perder-se no sono que antes tinha perdido. Não havia notado que, sob a cama, ainda havia uma taça de vinho. Dormindo, o Poeta sonhou um sonho com cheiros dourados e cores surdas. Caminhava descalço, com suas pantufas presas à cintura por uma corrente de chumbo, muito estranho e familiar ao mesmo tempo. Chegando em seu aposento, deliciosamente nuas, duas mulheres o esperavam.

A primeira, uma morena que lembrava o cheiro da chuva; a segunda era ruiva de tão linda, e dela se ouvia o barulho do luar. O quarto, macio e repleto de incenso e penumbra, logo o excitou. A morena com cheiro de chuva tinha uma taça de vinho e, após sorver um pouco, entregou à ruiva de tão linda que, após fazer o mesmo, passou-a ao Poeta. Ao receber o vinho em suas mãos, as
correntes com as pantufas foram ao chão, sem o barulho do pesado chumbo. Estranho, pensou o Poeta.

Bebeu o vinho até o fim, de um gole só, e, enquanto a ruiva tomava de suas mãos a taça, via a morena excitando-se, tocando-se e ronronando num ritmo inaudível de feérica masturbação. A taça caiu das mãos da ruiva, e a maciez do quarto não a impediu de se espatifar no chão. Completamente nu, o Poeta beijava e era beijado, os corpos dos três dançavam numa sincronicidade perfeita, quebrando o silêncio com a surdez do ouro, entrando e saindo de aposentos sem serem notados, com os passos firmes, porém calados -como os dos felinos.


O Poeta sentiu o êxtase da morena, e a beijou mais forte, fazendo-a tremer de medo e de prazer, como nunca sentira antes. Deixou-a em um canto do quarto para que ela recuperasse suas força e consciência. O falo do Poeta penetrou a ruiva, depois de lamber seu sexo, e esta sorriu como sorriem os serafins. As pernas da ruiva de tão linda, firmes e cheirosas, acompanhavam o mesmo compasso do Poeta, e ele sentiu o momento em que a moça começou a desfalecer em seus braços, soltando um hálito tão visivelmente lindo e cheio de cores, que foi capaz de fazer, outra vez, a morena masturbar-se enquanto o Poeta não vinha.

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