segunda-feira, 9 de abril de 2012

CHEIRO DAS BORBOLETAS

A caminho da fazenda de Fred Samburá, o Poeta, na velocidade de seu 4x4, sentia os ventos em seus cabelos a açoitar não somente os pelos fartos mas também os neurônios.

Um sorriso carmesim e adocicado repousava em seus lábios quentes. Quem lhe via de fora, não podia apostar nos pensamentos do Poeta: uma libertinagem pra lá de sacana alternava com a lembrança de cânticos de sua Primeira Comunhão.

Na paz da avenida Litorânea -a estrada para a fazenda do Samburá-, o Poeta notava os calafrios motivados pela saudade precoce dos dias que estavam por vir. A certeza de alegria nos dias seguintes lhe era confirmada pelo cheiro das borboletas atropeladas e queimadas pelo troller.

Resolveu fugir da saudade e da ansiedade angustiosa, e, para tanto, decidiu lembrar. Lembrar de um passado já enterrado e vívido, onde Samburá era tão-somente um amigo triste que cheirava a peixe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário