O relógio do Poeta marcava duas e trinta e seis da manhã. O ponteiro dos segundos seguia os ritmos perfeito, circular e anacrônico. Ora, cada minuto conseguia, amiúde, conter sessenta segundos, por horas e dias a fio. Essa sincronia treinada, sem erros, sem mudanças, sem tempestividade, inundou de vazio o coração desacertado do Poeta.
Desceu, o Poeta, no rumo da praia, porque é lá que fica o mar. À noite, o mar é muito mais lindo: possui a aparência dos deuses invisíveis, e em sua água sacra só se entra com os pés nus no chão. Com uma lata de coca-cola na mão, saiu por aí, a pé, feito conquistador de prostitutas ricas.
Uma vez eu vi um blog que tinha exatamente este nome: "Avesso dos Ponteiros". Curioso, não?
ResponderExcluirAh, sim... Era o meu! rs.
Lembrei de você hoje e fiquei feliz em encontrar seu blog. Senti-me homenageada pelo post, embora nem fosse esta a sua intenção (creio). Bom é saber que faço parte de uma memória longínqua, até subconsciente.
Saudade, viu? Espero que esteja bem. :)